Monday, February 23, 2009

Mix Tape


Quando eu olhei para a sua mãe pela primeira vez, não imaginei que estaríamos aqui hoje. Ela era muita areia pro meu caminhãozinho. Você vai aprender sozinho algumas coisas sobre as mulheres mas uma delas eu adianto: um moleque magrelo, careca, recém admitido numa faculdade, duro e desempregado não está na lista das 10 coisas mais atraentes para a menina mais cobiçada da classe. Tudo bem, um dia o cabelo cresce, em alguns casos cai de novo, a gente engorda, arruma empregos ou acaba virando patrão, amadurece...

Só que algumas meninas especiais, como sua mãe, conseguem prever o futuro. E ela viu alguma coisa nesse menino que a fez acreditar que valeria a pena. O estranho é que nem eu via nada disso. Tanto é que, quando eu gravei uma fita pra ela com músicas que eu gostava, eu não tinha a menor esperança de que ia colar. Mas colou. E estamos aqui, dez anos mais tarde, esperando a sua chegada. A ansiedade é grande mas existe uma serenidade aqui em casa que eu não via há um bom tempo. Acho que estamos nos preparando para a total ausência de serenidade que serão seus primeiros dias: duas crianças de 30 cuidando de uma recém-nascido. Eu me sinto como aquele menino indo entregar a fita pra sua mãe: era como se aquele gesto fosse definir toda a minha vida. E eu estava certo. Dez anos depois aí está você pra provar do que uma "mix tape" é capaz.

2 comments:

Anonymous said...

Que história mais linda! Não sabia que estudavam na mesma sala na facul... simplesmente lindo e sensivel o post! Parabéns aos dois!

Filipe Trielli said...

Na verdade a gente se conheceu na faculdade mas ela estudava na Belas Artes que fica em frente à ESPM onde eu estudava. A gente se encontrou porque ela cantava no coral da ESPM que era muito mais divertido que o da Belas Artes. O resto é história.