Falta Alguma Coisa...

Pois é. Entramos no sétimo mês. Agora você já faz parte da famíla. É engraçado como as coisas vão acontecendo aos poucos. Parece que faz um século que sua mãe me contou que você existia. E também parece que você sempre foi o João. A gente já diz seu nome com uma naturalidade...
Já temos quase todos os elementos. Só falta um rosto. E o pior é que não adianta imaginar. Eu sei que você não vai nascer nenhum Brad Pitt (Esse velhinho mesmo, ex marido daquela coroa, a Angelina Jolie! Pois é, eles eram lindos quando você nasceu). Ao nascer, a gente tem cara de joelho e dizem que é muito comum os pais se decepcionarem. Mas com o tempo, se você tiver sorte, vai ter puxado a beleza da sua mãe.
Mas é muito engraçado olhar as suas roupas e não saber como você é. É como assistir à um show da nova formação dos Mutantes: é até divertido, mas a gente sempre tem a sensação que falta alguma coisa.

As coisas simples da vida

João,

Seu quarto tá quase pronto. Já tem lugar pra dormir, pra guardar suas roupinhas, pra passear... Segundo seu pai, você já tem mais roupa do que ele. Mesmo sem te conhecer pessoalmente, só internamente, sinto que merece tudo isso muito mais. Sei o quanto já tem me ensinado nesses últimos 6 meses e acho que no fim, vamos nos dar bem. Independente disso, agora não tem mais volta. É pra sempre: sou sua mãe e você é meu filho. Vou fazer o melhor que posso sempre, tenha certeza disso.
Você acaba de me dar um pontapé. Será que não gostou ou gostou de alguma coisa que escrevi? Só tava se espreguiçando né? Ou será um soluço? Tanto faz. Adoro te sentir e sempre que você se manifesta pego a mãozona quente do seu pai e ponho ele pra sentir também.
Hoje passamos um domingo em família: fomos ao parque caminhar, ver outras crianças, outras famílias, ler um pouco, respirar um pouco de ar puro embaixo de uma árvore e tomar água de côco. Depois fomos ao shopping almoçar algo gostoso e saudável no América. No final teve uma maldadezinha: Havana. Passamos na Livraria Cultura pra não perder o costume e recheamos nossa biblioteca e nossa dvdteca. Ainda vai demorar um pouco pra você aproveitar essa parte, mas vai adorar!
Aí, voltamos pra casa, lemos um pouco, vimos uma série e jantamos uma sopinha. Delícia de dia. Delícia de companhia: você, seu pai e eu.
Boa noite. Sonhe com os anjos.

Beijos,
Mamãe.

O Nome da Rosa

a rosa que eu não colhi do jardim da panela

Agora o rosto. Já passamos da fase "isso não interage!" para "que cara será que tem o João?"

Sim, nós decidimos chamá-lo João Pedro. Nome de todos os Reis que o brasil já teve em um só. Tem também o Gilberto. Tem o Cabral de Mello Neto. Tem o João Paulo, grande amigo, e tinha o papa. João é José com cassis. João é simples e complicado (tem um tilzinho pra deixar impronunciável pros gringos). João é de Nada e Maria que é dele é Maria ninguém. Tem também o Lennon. João! João! Vem vê o vovô, vem! - é o cachorro que late no fim do "Cachorro Babucho" no disco do Macalé com tradução do Tio Juca Lisboa. Ouço a voz do Roges Alberto gritando: Vai lá! Mete um Shakespeare aí!

What's in a name? That which we call a rose
By any other name would smell as sweet.

O que há num nome? Aquela que chamamos rosa
Com outro nome teria o perfume tão doce?

Mas, o que Julieta não sabia é que há muito em um nome. Não sabia porque não teve filhos. Foi matar-se, a estúpida, ao invés de aproveitar a vida. Tudo bem que rodeada de Romeuzinhos não seria tão famosa. Mas "What's in a Fame?"
Pois o meu João começou a existir um pouco mais depois do nome. Agora me falta um rosto. Mas tenho paciência. Por hora vou me divertindo com seus pontapés.

Quanto ao Pedro... sei lá. A gente gosta assim meio de graça, desde sempre. Não tem muito o que explicar.

Bad Trip

Pois é... nem tudo são flores na gravidez. Diferente do que a gente idealiza a vida toda, que a maternindade é linda, o momento mais feliz da vida da mulher, etc, etc, (tudo bem que ainda não sou mãe, só gestante), esse é um período de muitas dúvidas, incertezas e inseguranças.
Desconte os hormônios, vai! Eles têm sua parcela, mas a vida tá mundando muito mesmo e rápido!
Como a natureza é sábia, ela dá 9 meses pra gente se acostumar com a idéia, se adaptar a todas essas mudanças e no final ganhar um pacotinho gordinho que chora quando tá com sono, chora, quando tá com fome, chora quando tá com frio....e a gente chora junto só de pensar nessa parte.
O medo que vem são vários: o primeiro é perder o controle. Aquele que a gente não tem, mas pensa que tem. O segundo é ter que se posicionar diante de coisas muito decisivas na vida de qualquer pessoa: como vai chamar, que tipo de alimentação vai ter, se vai ser tratado com homeopatia, essas coisas sérias que são pra sempre.
Bom, com a chegada do berço, o bebê ficou mais concreto. Aliás, cada coisa que ganho ou compro faz ele ficar mais e mais presente. E isso é bom e ruim ao mesmo tempo.
Sinto muito, mas é isso mesmo. É a real. Pelo menos a minha realidade. Sinto todas as coisas juntas, ao mesmo tempo. Tô no olho do furacão.

...


Bom, passou quase uma semana e não terminei o texto acima, então vou começar outro.
A crise já passou, tô mais tranquila. Menos ansiosa. Menos medrosa. Tudo que descrevi acima durou uns dois dias e passou. Como que por encanto. Viu? É um turbilhão de emoções.
Agora tô achando tudo lindo, minha vida maravilhosa, privilegiada por poder passar uma gravidez sem grandes conturbações externas. Continuo dando minhas aulinhas de yoga, faço minha pratiquinha, minha massagem terapêutica ayurvédica, drenagem 2x por semana, agora tô nandando pra relaxar um pouco, tô me alimentando bem direitinho, meus alunos são uns fofos, meu marido tá um amor, a produtora dele tá dando certo, tô conseguinho fazer o quartinho do João ficar do jeitinho que eu quero, minha mãe tá sendo super companheira e amiga, já pintei meu apto. inteiro pra dar aquela limpada no ambiente, enfim, tudo mil maravilhas.

Só posso concluir que o mundo é a partir dos olhos de quem vê. E eu tô vendo assim: ora tudo preto, ora tudo branco e ora tudo colorido.

Minha mãe falou uma coisa legal esses dias: "Na vida, a gente se relaciona com as pessoas, com as coisas e consigo mesmo. Durante a gravidez, é só você com você mesmo.Você é forçado a ir pra dentro, não tem escolha, o resto fica pra segundo plano"

Chega! Esse post tá uma confusão. Assim como eu. Vou postar mesmo assim. That's all.

Pra Ninguém

Esse é o nome da música do Caetano que está no disco "Livro" de 1998. Atendendo ao pedido de milhares de cartas e e-mails, clique aqui para baixar a música citada.

Melhor do que o silêncio só João

A semana foi intensa. Muito trabalho. Muitas visitas. A Vanessa resfriada. Eu com reforma em casa (quarto do Bebê) e no trabalho (estúdio B). Começando essa semana na Panela, duas funcionárias novas (por sorte as duas são ótimas e o "treinamento" foi bem rápido).
Um dos meus sócios com crise de pânico.
Mas no sábado de manhã tudo parou. Parou o som. Parou o ar. Parou o tempo.
Tudo parou pro João se mexer. E nos comunicamos pela primeira vez.

Como diria Caetano:
"Melhor do que isso somente o silêncio/ Melhor do que o silêncio só João"

Filho de peixes...

Se puxar pra mamãe....

Se puxar pro papai.

It's A Boy Mrs Walker! It's a a Boy!

Abrir potes de azeitonas e fazer baliza: Isso não vai ser problema

Se bem que a gente vai saber mesmo lá pelos 12 anos. Mas, por hora, vamos de João Pedro.
E ouça aqui a música que deu o nome a esse post.

Album de Família

Vanessa: bem no comecinho, quando ainda podia deitar de bruços e cheia de dúvidas.

Disco (acaba em pizza?)

Será esse o nosso disco?

Sim. A gente se empolgou. Há 3 anos nós prometemos um disco pra filha de um amigo nosso. Como não somos pessoas nem um pouco confiáveis, não o fizemos. Sim. Prometemos e não cumprimos.
Claro que a intenção não era essa. Mas as coisas ficaram muito atribuladas por aqui. E lá se foi a boa intenção junto com o disco que nós começamos e não terminamos.
Mas agora o filho é nosso. E como somos bem egoístas, a intenção voltou com tudo. Não sei se a gente acaba dessa vez, afinal, além das atribulações do dia a dia, ainda estamos grávidos o que deixa tudo um pouco mais atribulado.

But...
Teve um chá de bebê da Catarina (filha do Pedro e da Tati). E a Vanessa teve a idéia de gravar a "Ciranda da Bailarina" do Chico Buarque e do Edu Lobo. Só que ao invés de cantar bailarina ela cantaria Catarina. E quando a gente não tem prazo a coisa acontece. Acho que é o costume de trabalhar com publicidade. E saiu. Com voz guia, mas saiu.
E AQUI vai em primeira mão o primeiro passo do nosso primeiro disco pro nosso primeiro filho.
Quem sabe esse primeiro passo não vira uma bela coreografia. Aí quem sabe o disco sai.

19 Semanas

Do tamanho de uma laranja

Hoje meu (minha) filho(a) completa 19 semanas.
Vejamos o que mudou na(o) meu (minha) vida(o):

1. Nunca falta assunto. Se a pessoa que está por perto já teve filhos também então... coloca aí umas três horas de papo.

2. Ganhei uma mulher barriguda. E nunca fui tão apaixonado... Estranho. Coisa de tarado... sei lá.

3. Ansiedade máxima. E até agora nem uma interação. A Vanessa fala em beliscos na barriga. Mas acho que são gases. E poderosos.

4. Estamos sempre de bom humor um com o outro. Salvo excessões (e elas acontecem), a gentileza tem sido uma constante. Saber que estamos condenados a conexão eterna nos deixa um pouco mais tolerantes.

5. Teve um dia que caiu uma ficha meio assim:
"Caralho! Fudeu!"
Depois pasou.

E o que mudou na vida do bebê:
Ele saiu de um lugar que era um saco pra outro bem mais agradável. Depois virou um feijão. Agora já está do tamanho de uma laranja. Se não nascer um banana, já fico feliz. Aliás prefiriria que ele não nascesse nem fruta nem leguminosas em geral. Um ser humano seria mais adequado. Mas seja o que for, nós o amaremos do mesmo jeito.
O bebê já mede de 13 a 15 cm e pesa 200g. Ele já ouve os primeiros sons o que significa que eu tenho que desprogramar a Nova Brasil FM do carro. O que o coitado(a) vai pensar? Vai ficar com uma péssima impressão do mundo. As impressões digitais começam a surgir mas ainda é muito difícil tirar o RG.
De resto vai tudo bem.

Enfim estamos um mudando a vida do outro. E enquanto isso o mundo gira. E a Lusitana roda.

Borbulhas de Amor

Coisas interessantes que tenho sentido nesse "estado interessante" (como disse minha mãe):
- não ter tido nenhum enjôo foi bom demais, mas também comi um pouco a mais do que o necessário. Aí a cintura, as coxas e o bumbum aumentaram numa velocidade maior;
- muito sono no comecinho e agora, muita insônia...
- vontade de comer cítricos e salgado (essa definitivamente não sou eu. Gosto de um docinho mesmo!)
- ter o maridão por perto cheio de atenção e me usando de desculpas a todo momento: "agora eu tenho uma mulher grávida, preciso ir embora!"
- sentir o apoio dos amigos e familiares. Alguns mais perto, outros mais longe. Mas sinto que estão muito perto. Talvez pelo fato de eu estar agora formando minha própria família. Que saudades que sinto de todo mundo.
- tô rindo muito à toa. Delícia!!!!! Gargalhada mesmo, sabe? Aquelas que deixam a perna mole, e quase fazemos xixi na calça. Ontem foi assim só porque o Filipe fez uma careta. Vexame total!
- Poder me exercitar junto com meu bebê. Fazemos yoga todas as manhãs, respiramos juntos, meditamos um pouquinho, saímos pra dar umas aulinhas e tudo isso é muito bom. Vida normal, mas completamente diferente.
- E agora, no meio do 4º mês, começo a sentir uns "belisquinhos" por dentro, uma "mordidinha de formiga", como se alguém estivesse caminhando no meu assoalho pélvico. Ainda é bem de vez em quando e bem sutil, mas acredito que não são gases...Prefiro pensar que tem um peixinho nadando dentro de mim, enfeitando minha cintura de corais e fazendo "borbulhas de amor", como diz o Fagner.

I Get High With A Little Help From My Friends

Essas duas aí (Cintia, a noiva, e Daniela, outra madrinha) provaram hoje o valor da verdadeira amizade: andaram comigo umas 4 horas no shopping, entraram em mais de 7 lojas, me viram em mais de 30 vestidos, só pra ajudar a escolher um vestido de festa que ficasse bem em uma grávida de quase 5 meses e que não fosse muito caro, nem muito verde, nem muito beterraba, nem muito prata, nem muito azul, nem muito vermelho.... Missão quase impossível, muito divertida e concluída com sucesso. Valeu meninas!

Versão Masculina (por Filipe): Essas três malucas ficaram 20 horas no shopping, entraram em 200 lojas, experimentaram 1200 vestidos, gastaram uma fortuna e ainda não comeram ninguém. Puta programa de índio!

Frases da Família Cristã II

No mesmo almoço onde a Tia Lígia falou a frase que a Vanessa citou no post anterior, Giginho, amigo da família desde que eu me conheço por gente, me vem com outra pílula de sabedoria:

"Gravidez é que nem bolo queimado: se tivesse tirado um pouquinho antes não acontecia"

Um exercício de paciência

E eu estou aqui, a esperar, e esperar, impregnada de vida pulsando. Pregnant é um termo bem adequado. Sem ter a menor noção do turbilhão que está acontecendo dentro de mim, sei exatamente o que fazer. É a mãe natureza falando bem alto, gritando na minha orelha. Me sinto bem animal, uma fêmea com o faro apurado, o paladar e a audição sensíveis, a pele macia. 

Me olho no espelho e me aprecio. As curvas estão maiores sim, mas os peitos também! Todo o corpo vai acompanhando minha barriga generosamente. Ganhando espaço interno e ocupando mais espaço externo. Tudo bem, a tia Ligya lá de Pinhal me falou "Deixa Deus ser Deus", e eu ouvi. Saia do controle e aceite.

Se estou feliz? Hunpf! Tá brincando.... Estou radiante. Repleta de hormônios de alegria, do riso, do choro, da tristeza. Acho que isso é plenitude. Me sinto como um templo sagrado. E tudo isso não pode ser nada menos que maravilhoso. Feliz é só o apelido. 

Tantas mudanças já vieram com aquela notícia de 4 meses atrás... e nada me assusta. Me sinto mais forte a cada dia, preparando minha casa e meu espírito para exercer o papel que sempre quis: ser mãe. 

Gênesis

Tudo começou com um xixi. E era só uma informação: "Estamos grávidos". Não tinha cara, não tinha nome, não tinha barriga, não tinha nada. Só a informação. E os meses passavam e nada. Nem uma interaçãozinha. Nem um alô! E todos felizes. E nós também. Mas tudo o que a gente tinha era um X num palito de xixi e várias pessoas felizes: pais, avós, bisavós, tios... e nada. Nem uma sensação, uma "energia", um sinal. Só aquela frase se repetindo na cabeça "vamos ser pais". E a ansiedade crescendo, mas a barriga nada (quem manda ter mulher yogue?). E nos dias que se passavam nós envelheciamos como nunca cada vez que líamos uma notícia: Que absurdo! Onde vamos parar! E se fosse meu filho...
Mas ele não tinha cara, não tinha nome, não tinha sexo, não tinha nada.
E então vemos isto. E nos sentimos um pouco mais pais que antes. E o que era só uma informação, virou um borrão. E começamos a nos apaixonar.

14 semanas de vidinha...